sexta-feira, 17 de abril de 2015

haters gonna hate [mas já chega]

Costumo dizer muitas vezes que se não nascesse nesta era seria muito infeliz. Adoro as novas tecnologias, a internet e o wifi, a possibilidade de estar sempre ligada, de poder fazer tudo sem fios. 
Gosto da forma como a informação flui e se troca, de como se criam movimentos. Das infinitas possibilidades, de conhecer sites e blogs novos quase todos os dias. 
Eu, como muita gente, usufruo da informação a que tenho acesso como acho melhor, filtro o que não me interessa, elimino o que não me traz nada de bom, partilho o que me parece interessante. O que não gosto, o que me choca, oculto. É natural.

Por isso tenho muita dificuldade em entender tanta coisa que leio por aí. Sejam comentários parvos e cruéis em blogues, sejam reacções exacerbadas a assuntos mais polémicos ou sensíveis nas várias redes sociais, o que vejo é que há muito pouco espaço para a diferença e para a individualidade. Custa-me particularmente a condenação de mulheres para com outras mulheres. Caramba. O sucesso de uma mulher deveria ser uma inspiração para todas as outras. Mas não é.
Mães acusam outras mães. Aparece uma Carolina Patrocínio a mostrar o osso do peito e é crucificada no Instagram. Aparece uma Jessica Athayde a desfilar de bikini e mandam-na enterrar-se num buraco para nunca mais sair. Chateia-me isto, em que é ficamos? Beleza natural é que é? Ou afinal temos que nos recauchutar da cabeça aos pés? Ser Charlie é ser hipócrita? Beber sumos detox é estúpido, passar 21 dias sem ingerir açúcar refinado é exagerado, enaltecer os dias do pai, da mãe, dos avós, dos gatos siameses é irritante?  Pelos vistos, porque chovem logo as sentenças. Ora, poupem-me. É proibido discordar? Não, mas com respeito, sem ironiazinhas. E não me venham dizer que quem anda à chuva molha-se. Não. Tem que haver cortesia, boa educação, respeito, civismo.

Pergunto-me se as pessoas são realmente assim. Em casa, nos empregos, entre amigos. Se são assim, intolerantes, fundamentalistas, se não têm filtros, se são assim, mal educadas e convencidas. Se são assim de facto, não me quero cruzar com elas, não as quero por perto. Ide apanhar ar, pessoas raivosas. Ide fazer ginástica, bebei um sumo verde. Ide fazer bebés. Ide ao psicólogo, ide ser felizes.
Deixem de chatear.

8 comentários :

  1. Infelizmente bem sabemos que por trás de um ecrã as pessoas são tão desinibidas para dizer olá e coisas giras e confissões como para maltratar e criticar. Depende da educação e bem estar de cada um decidir até onde ir e há gente que vai longe demais... É uma questão de civismo, sobretudo.
    As pessoas deviam pensar antes de escrever "eu diria isto em alto e bom som na cara do visado?" Claro que não, mas muita gente gosta de se ver como "muito franca!"
    Estou contigo, beijinho!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho que se trata muito disso, do bem estar de cada um. Acredito que haja muita gente que venha descarregar as suas frustrações. E quem está do outro lado e é alvo de críticas tem que ser bem put together para não se ir abaixo com as críticas. Enfim. Beijinho!

      Eliminar
  2. Respostas
    1. Beijinho Ana, também adorei o que escreveste. Concordo a 100%.

      Eliminar
  3. Concordo da primeira à última letra. Ver caixas de comentários de blogues, instagrams e páginas de jornais é meio passo para perder a fé na humanidade. Todos se acham com o direito de opinar, toda a gente tem uma opinião extra válida sobre qualquer assunto e não interessa se vão magoar alguém ou não. Isso assusta-me. Do outro lado do computador a maldade flui com muita facilidade, especialmente sob o anonimato. e pergunto-me como são essas pessoas cara a cara. Insultariam a Carolina Patrocínio com aquela facilidade? Diriam na cara da Jessica Athayde que ela estava obesa?

    ResponderEliminar
  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar