quinta-feira, 27 de novembro de 2014

[to be continued]

Entretanto fui buscá-las cedo ao colégio e à avó. Mas em casa o caos continou. A Bárbara vinha tão transtornada, tão birrenta, tão descontrolada, que andamos de volta dela e a pequena Teresa coitadinha, lá nos ia puxando e íamos dando colinho e apagando o fogo ao mesmo tempo. 
Às tantas passei-me. Passei-me, comecei a ralhar sozinha, a queixar-me da minha sorte. O Daniel  compreendeu perfeitamente a minha necessidade de desabafar, levou-as para a sala, fechou a porta e eu falei, falei, falei sozinha durante 15 minutos, deitei a minha alma para fora. Depois veio ter comigo, mimou-me e disse "enquanto for só um de nós a passar-se, está tudo bem".

Quando finalmente as deitámos, senti um cansaço a invadir-me. Tão grande, tão grande. E vontade de chorar. E pensava, se ao menos esta roupa me desaparecesse da frente. Se ao menos não houvesse pó. Se ao menos eu não tivesse tanto sono. Deitei-me e quando a Teresinha deu sinal, às duas da manhã, fui de olhos fechados buscá-la para a minha cama. E dormi, dormi e dormi até de manhã. De manhã rimo-nos: resolvemos uma coisa de cada vez, neste momento temos que repor algum sono, temos que nos equilibrar. É que sinto-me uma maluquinha. A nadar, a dar aos pés, para não me afogar. Mas ao mesmo tempo, não abdicava desta vida. É assim esquizofrenizante, a maternidade. Já não me imagino sem as minhas duas macaquinhas, mas ao mesmo tempo suspiro por algum tempo para mim e para me cuidar.

Ao fim e ao cabo, no meio deste caos dos dias, são elas que nunca nos saem do pensamento. É para elas que vivemos. Mas não nos queremos esquecer de nós. Que somos adultos, que somos um casal. "Está na hora de aceitar que é assim", disse-me o Daniel. E talvez esteja mesmo. 

3 comentários :

  1. Sim! Apesar de todo o caos, não há nada melhor! E isto são fases. Quando não há birras, é o paraíso! :D

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  2. Sara,
    tens duas filhas lindas e também tens um marido compreensivo e companheiro :)

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  3. Sara,

    Gosto muito de te ler, da maneira como transmites que há momentos de pura insanidade nisto de ser Mãe, momentos em que só se quer 5 minutos para respirar. Não deve ser fácil, com duas crianças pequeninas, mas compensa e isso, é algo que também consegues transmitir a quem te lê. Que apesar do desvario que incontornavelmente surge (mesmo com uma da idade da B. apenas), a vida é muito mais colorida nesta realidade ;)

    Um grande beijinho

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