terça-feira, 12 de abril de 2011

Gata

Já devias saber que eu não gosto de separações. Quando te acolhemos em casa tinhas 20cm de comprimento e não tinhas os dentes todos. Eras linda de morrer. Tão pequenina e já tão selvagem. A primeira noite dormiste-a na nossa cama, bem enroladinha e protegida. Não tinhas a tua mãe, mas tinhas-nos a nós, tinhas a nossa mantinha onde gostavas de mamar.
Levamos-te de férias e não foste nada menos do que a sensação do aldeamento. Voltaste como foste: enjoada. Depois a dormir. Mas com resina na barriga. Satisfeita de tanto ar livre.
Desafiavas as alturas no corrimão do nosso pequeno apartamento. E agora, calcorreias as redondezas, sabe-se lá por onde. Ontem vi o Fritz, pensei que te tinha vindo trazer a casa. Mas não entraste. Não sei de ti.
Estou ansiosa por ouvir o teu miar à porta. Que queres entrar, que queres comer. Não desapareças. Não agora.
É que precisamos mesmo de ti, percebes? Mesmo que tu refiles, é assim que te queremos. Com as patitas sujas e a cheirar a óleo de automóvel. Porque és única.
Esta noite dormi mal. E sei que por isso vou ter um dia um bocadinho mais difícil. Provavelmente é por não ter dormido muito que já estou assim. Com saudades demais.
Já devias saber que não gosto de separações.
Não me desapareças, gata. Não nos deixes. Não agora. Não te atrevas.

2 comentários :

  1. Ai os gatos!
    São tão independentes que pensam que podem ir e vir quando quiserem LOL
    Tenha calma querida, ela vai voltar...

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